15 de outubro
SANTA TERESA DE ÁVILA
“QUE NADA TE PERTUBE, QUE NADA TE
APAVORE TUDO PASSA, SÓ DEUS NÃO MUDA, A PACIÊNCIA TUDO ALCANÇA, QUEM TEM DEUS
NADA LHE FALTA, SÓ DEUS BASTA”.
Teresa de Cepeda e Ahumada ou Teresa de
Ávila, como é conhecida, caracteriza-se dentre muitos aspectos em seu
itinerário espiritual como a santa que traduziu-nos o caminho de perfeição que
somos chamados a trilhar, estabelecendo com Deus um tratado de amizade, querido
por Ele mesmo.
Nascera na província de Ávila, Espanha,
numa família da baixa nobreza. Seus pais chamavam-se Alonso Sánchez de Cepeda e
Beatriz Dávila e Ahumada. Em sua infância entretinha-se com leituras de
histórias dos santos. Teresa sempre cultivara em seu coração, até mesmo quando
era criança, o desejo pela eternidade e admirava a coragem dos santos na
conquista da glória eterna.
Teresa em sua juventude era uma jovem
bela, mundana, cortejada, adorada, apaixonada por belos rapazes, freqüentadora
dos bailes da corte, apreciando os vestidos de seda e veludo. A jovem começou a
pensar cuidadosamente na vida religiosa que a atraía por um lado e a repugnava
por outro. O que a ajudou na decisão foi a leitura das "Cartas" de
São Jerônimo, cujo fervoroso realismo encontrou eco na alma de Teresa. Mas
antes de ela decidir-se fielmente por Deus e pela sua Vontade, fora preciso
passar por um processo profundo e concreto de conversão. Pois, seus
condicionantes humanos, apesar de um desejo pela eternidade, não a levava a
aderir integralmente a vivência vocacional.
Teresa diante de suas seduções e vaidades
chegara a afirmar que: “é preciso dizer que eu tinha uma capacidade
impressionante para o mal”. Com isso, pode-se inferir que a santa
espanhola já mesmo em idade tenra, já era dotada de uma graça muito especial de
autoconhecimento. Não obstante, as suas fraquezas e vontade inclinada para aos
desejos carnais. Ver-se aqui, o protótipo de santidade que Deus deseja para o
gênero humano. Ou seja, santidade é um dom de Deus que se configura na
realidade decaída do homem; Deus não nos chama a santidade pelo fato de
possuímos méritos, até mesmo porque não os teríamos, mas porque somos
vocacionados a uma vida separada. O que não significa dizer, uma vida
desencarnada e arraigada em ilusões. Vida separada é o mesmo que tomada de
consciência de que somos pecadores e fracos, mas que contando com a primazia da
graça, conseguiremos corresponder com as exigências de uma vida configurada a
Jesus Cristo. Teresa com sua vida bem soube abraçar tal santidade, buscando em
tudo corresponder a Vontade de Deus para sua vida.
Um ano depois que fez a profissão dos
votos. Pouco depois, piorou de uma enfermidade que começara a molestá-la antes
de professar os votos. Seu pai a retirou do convento. A irmã Joana Suárez
acompanhou Teresa para ajudá-la. Os médicos, apesar de todos os tratamentos,
deram-se por vencidos e a enfermidade se agravou.
Santa Teresa era tida como uma mulher
amável e sua caridade conquistava a todos. Segundo o costume dos conventos
espanhóis da época, as religiosas podiam receber todos os visitantes que
desejassem, a qualquer hora. Teresa passava grande parte de seu tempo
conversando no locutório. Isto a levou a descuidar-se da vida de oração. Vivia
justificando-se dizendo que suas enfermidades a evitavam de meditar. Sentia-se
muito atraída pelas imagens de Cristo ensangüentado na agonia. Certa ocasião,
ao deter-se sob um crucifixo muito ensangüentado, perguntou: "Senhor,
quem vos colocou aí?" Pareceu-lhe ouvir uma voz: "Foram tuas
conversas no parlatório que me puseram aqui, Teresa". Ela chorou muito
e a partir de então não voltou a perder tempo com conversas inúteis e nas
amizades que não a levavam à santidade.
As Carmelitas, como a maioria das
religiosas, desde os princípios do século XVI, já haviam perdido o primeiro
fervor. Já vimos que os locutórios dos conventos de Ávila eram uma espécie de
centro de reunião para damas e cavalheiros de toda a cidade. As religiosas
saíam da clausura pelo menor pretexto. Os conventos eram lugares ideais para
quem desejava uma vida fácil e sem problemas. As comunidades eram muito
numerosas. O Convento da Encarnação possuía 140 religiosas.
Quando Santa Teresa se decidiu
verdadeiramente por Deus, ela deu início a um percurso fantástico na
compreensão do autêntico caminho da oração. Ela, antes mesmo de entender tal
caminho, afirmou que: “Aquele que começa a oração deve ter em mente que está
tentando transformar um terreno inteiramente inculto e coberto de ervas
daninhas num jardim de delícias no qual o Senhor virá freqüentemente repousar e
terá prazer em ver desabrochar as flores do amor.” Ela também descobriu na
relação com Deus por meio da oração, que existe um método para vivenciar tal
relacionamento. Um método para falar com Deus e também ouvi-lo. Para ela,
muitas vezes a prática da oração é um reconhecido exercício de que tanto ouviu
falar sem poder entendê-lo. Tal método pode ser resumido assim:
A primeira maneira de orar, a que se situa no
plano da fé, é como escrever a um amigo. A segunda maneira de orar, situada no
plano da esperança, é como escrever a um amigo e esperar uma resposta. A
terceira maneira de orar, situada no plano do amor, é como se fôssemos
pessoalmente à casa desse amigo. A primeira é como um beijo nos pés. A segunda,
como um beijo nas mãos. A terceira, como um beijo na boca. (REINAUD,
2001, p.73).